A tecnologia que “veste” o usuário

A criatividade e a inovação entram nesse campo como players principais, apresentando como desafio a superação das obsolescências cada vez mais aceleradas. Tal esforço demanda uma política ambiciosa de apoio à ciência e à pesquisa para que o país dê saltos tecnológicos cada vez mais largos. As revoluções estão em curso.

Nessa empreitada, destacamos o conceito da experiência do usuário. Tão em voga quando falamos em acesso remoto a dispositivos tecnológicos, essa tendência deve ser uma das prioridades. Tomemos por exemplo a implantação de dispositivos que possam identificar infecções em fases iniciais e um movimento abrupto do paciente – que pode significar uma queda no chão. No caso dos wearables (tecnologia vestível), tais equipamentos apontam ter  boa capacidade de trabalhar na medição de doenças neurológicas, que afetam o movimento, como o mal Parkinson. Essas ferramentas podem ser poderosas para isso.

Enfim, as soluções serão cada vez feitas sob medida para as carências dos seus públicos. Por isso, entender as angústias de quem recebe cuidados médicos e dos profissionais da saúde, praticar o exercício de empatia, no sentido de imaginar suas dores e dificuldades, e saber ouvir as queixas traz insights importantes e é condição primordial para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de novos projetos, com redução de desperdício, ampliação da segurança e otimização do trabalho.  

Três desafios para a inovação e tecnologia em saúde

Se para a população a mudança  que se vê aparenta ter ocorrido de imediato, para as equipes por trás desses projetos o alcance das conquistas leva anos e décadas.

 Neste período ainda pandêmico, a inovação acelera na área de saúde, mas não sem antes precisar transpor barreiras que se levantam em suas rotinas. Listamos os principais desafios que se colocam diante de organizações e empresas nessa questão. Com análise e estudo, superamos todos eles.

1 – Investimentos x resultados

Estudo da International Data Corporation (IDC- 11-2020) aponta que o investimento em tecnologias no setor de saúde na América Latina deve atingir quase US$ 2 bilhões ainda este ano. A aquisição de soluções com Inteligência Artificial embarcada otimiza os processos, mas requer profunda análise da relação custo x benefício.

A crescente demanda pelos serviços de saúde pode também levar ao descontrole dos gastos. Um produto altamente precificado no mercado está sujeito a ficar inacessível a grande parte dos usuários. O caminho para essa encruzilhada tecnológica passa pela busca de parceiros no momento dos investimentos. Os aliados mais cotados são instituições do mesmo nicho ou setor, para compras associadas de insumos e matéria-prima, e entes do poder público, com incentivos governamentais, tendo como contrapartida benefícios para a sociedade.

 2 – Falta de critério ao abraçar eventuais soluções

Inovação exige também curadoria sobre o que se deve investir. O mercado está repleto de opções tecnológicas, sejam soluções assertivas, sejam armadilhas que levam ao descompasso financeiro.

Manter uma equipe que gerencie os lançamentos do mercado, munindo-a do maior número de ferramentas informativas possível, é providência essencial. 

Tomemos como exemplo positivo nessa questão o conceito de Hospital Digital abraçado pelas instituições de saúde de ponta no país. Com ajustes simples e outros mais elaborados, é possível agilizar agendamentos e reconfigurar espaços e atendimentos  Este é um investimento em adequação tecnológica que vai sustentar inovações futuras na área hospitalar, oferecendo à equipe médica e multidisciplinar o acesso a novas ferramentas e comunicação aperfeiçoada por meio do sistema de gestão hospitalar que melhore a tomada de decisão clínica.

Vale ressaltar que nem tudo é altamente dispendioso se comparado a outros aportes observados na área, mas tudo tem de ser eficaz. Pulseiras para identificar a movimentação do paciente internado, autonomia para realizar a abertura de atendimento, assinatura digital e aplicativo para visualizar o tempo de espera no Pronto Atendimento são avanços proporcionados por essas frentes.

São soluções que fazem a diferença na vida do usuário. Consultorias para identificar os anseios do paciente ajudam na implantação desses avanços.

3 – Esquecer-se da humanização

Sem um atendimento humanizado, todo o empenho por aquisição das melhores máquinas esvai-se. É importante manter os profissionais atentos a isso, realizando pesquisas de satisfação entre os pacientes e ouvindo as equipes sobre os principais gargalos que enfrentam no exercício do seu trabalho.

Alinhando expectativas e responsabilidades, é possível ir longe e ser referência também nessa qualidade tão buscada pelo público.

Inovar para despontar

Nesse esforço, adotar uma postura que leve a caminhos menos tortuosos e a resultados mais céleres exige uma articulação bem afinada entre todos os entes envolvidos, sobretudo entre as equipes responsáveis por fazer o eixo girar.

Uma organização que incentiva a inovação entre seus colaboradores e torna-a visível para seu público oferece liberdades e conscientização para que as transformações de fato aconteçam. 

A pandemia nos abriu para essas possibilidades e nos obrigou a, se não reinventar a roda, ao menos saber que ela existe e que merece ser turbinada para não estagnar na linha do tempo. Exemplos não faltaram: foram desde as consultas remotas na área da saúde até a implantação de cursos totalmente virtuais que prezam pela interatividade  nas instituições de ensino.

 E assim criamos um mundo novo, onde o inovador Uber deixou de ser novidade há tempos, já é parte de nossas rotinas; onde a internet das coisas já começa a dominar nossas residências sem que percebamos; onde a inteligência artificial exerce um papel cada vez mais real de automação. Onde vamos parar? A tecnologia é o limite ou, melhor, o não limite.

Pluralizar e convergir pensamentos e converter ideias em ações é desafio da agenda do dia das organizações. Saem na frente aquelas que prezam a inovação, preocupam-se em adotar uma cultura organizacional aberta ao novo, munem seus colaboradores de recursos tecnológicos e incentivos na carreira e nas remunerações e, principalmente, visam à qualidade de vida para as gerações vindouras. O futuro se faz com um presente inovador.